domingo, 29 de abril de 2012

Estou andando de moto

O vento sopra no rosto
A lente escura torna o sol amigável
A velocidade não é de acordo com a pressa
Mas de acordo com a cena
O destino é a vontade de sentir o que vem depois da próxima curva
Quanto mais distante da civilização
Mais próximo de mim eu me sinto
Um ar mais puro e com cheiro de verde invade os meus pulmões
Tudo na natureza parece estar sincronizado
Até o caos natural parece harmônico
A única coisa que parece fora de ritmo somos nós
Porque a humanidade insiste em ser desarmônica?
Na exuberância simples da paisagem a minha volta
Eu compreendo que a paz e a felicidade estão dentro de mim
E é preciso reconhece-las na simplicidade que naturalmente todos temos
Neste instante eu entendo que não existe bússola para vida
E que viver não é preciso
Com um suspiro profundo eu encho os pulmões com um pouco mais de ar puro
E entendo que a pressa que eu tenho de ir embora tem de se tornar na paz que eu preciso
Para que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que eu seja paciente para assistir a beleza ser levada pelo tempo
E que eu não queira plastificar a beleza da juventude
Que impede uma outra beleza desabrochar
Aquela beleza da compreensão das coisas e de mim mesmo
E que só o tempo pode trazer.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

domingo, 15 de janeiro de 2012

Curitiba PR - Belo Horizonte, MG

Após a idílica paisagem no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, foi a vez do parque do Turvo impressionar novamente. A Paisagem era cinza e mesmo eu tendo passado pelo parque no caminho de ida, confesso que o outro lado da estrada impressionou na volta. Pena que as estradas brasileiras não são projetadas por uma equipe muldisciplinar com arquitetos, engenheiros, designers, geógrafos, fotógrafos e o pessoal do patrimônio natural. A paisagem faz parte da nossa memória, ganha importância e significado, mas as vezes não há uma acostamentozinho sequer para pararmos e admirá-la. Na verdade deveria haver mirantes enormes que comportassem carros, motos e caminhões. Quem sabe com estrutura e claro Wifi para postarmos as fotos instantaneamente.
Mas não, ao contrário disso temos só a estrada e a passagem rápida pela paisagem que sequer ficar gravada na memória curta. Quando temos um acostamento para utilizarmos é quase uma tentativa de suicídio, pois, as vezes, o acostamente faz parte da pista e os caminhões trafegam por ele.
Muitas estradas entrecortam as serras e os rios e formam na nossa retina as paisagens mais belas que o próprio destino. A estrada é um fim em si mesma e não um meio de chegar a um destino. Portanto, deveria fazer parte da viagem, certamente a pressa em chegar diminuíria e consequentemente os acidentes também.
A Serra do Cafezal é um exemplo claro do que estou dizendo. É belíssima e está em reforma, mas não há um mirantezinho sequer no projeto. Como a Serra é entrecortado por pistas sinuosas é impossível ficar prestando atenção na paisagem e a velocidade, mesmo que respeitada, faz com que o cenário apenas passe diante dos seus olhos. Por isso os pontos de parada seriam essenciais, assim, o obersvador gravaria na memória uma paisagem que fez parte da sua viagem. Aí meu caro, eu queria ver empreiteiro simplesmente fazer projeto de destruir a paisagem para colocar prédio ou seja lá o que for. As pessoas certamente sentiriam-se mais integradas à paisagem e assim, o patrimônio natural faria mais sentido para elas.
Bom, deixei Curitiba e a paisagem para trás, alguns cenários foram registrados em fotos, outros não foi possível. Cheguei à São Paulo debaixo de uma chuva forte e não quis ficar na cidade, eu acho SP tenebrosa, andei mais alguns Km e tentei chegar a Monte Verde, mas informações pelo caminho de que a estrada estaria em péssimas condições me fizeram dessistir do destino. Acabei ficando em Pouso Alegre, cidadezinha do interior de Minas que de Alegre não tem Pouso algum. Mas...
Parti cedo de Pouso Alegre para BH e pelo caminho segui uma placa que prometia comida mineira no fogão à lenha. Hummmm que delícia! Comi um delicioso frango caipira com quiabo e angu, mas veja bem, o lugar não tinha um docinho caseiro sequer para sobremesa, é mole? Mas a comida era divina.
Segui viagem e me deparei com uma cena triste, uma serra linda com uma vegetação maravilhosa, sendo reduzida pela mineração. Quem viu aquela paisagem viu, quem não viu não verá mais.
Cheguei em BH por volta das 15hs - do dia 12/01/2012 - fiz as contas e o resultado foi 8640km rodados, 21 dias nas estrada e muita história para contar que, felizmente não cabe em nenhum ambiente virtual. Quer saber mais? Qualquer mesa de bar em BH e uma cerveja gelada me farão falar mais, mas você só vai se sentir saciado quando pegar a estrada você mesmo. No mais, agradeço a todos pela paciência de acompanhar meus devaneios.
Abraços e até a próxima.

Passo Fundo, RS - Curitiba, RS

A paisagem é maravilhosa. Enquanto estava na 153 dentro do RS e em SC, a estrada era perfeita e serpenteada. O pessoal do turismo no RS teve a manha e criaram o balneário mar verde. É uma região com vastos campos de plantação de grãos que perdemos de visita. É realmente lindo!
Em SC o espetáculo fica por conta das serras e da vegetação, sem falar do imponente rio Uruguai.
No meio do caminho eu comecei a seguir uma placa que prometia peixe fresco. E o resultado foi a degustação de uma tilápia frita com mandioca e angu frito. Divinos! E o atendimento? Perfeito.
Segui para o Paraná, e aí a estrada ficou péssima. Parecia que só tinha doido na estrada. Apesar da paisagem ser uma continuação de Santa Catarina, não deu para aproveitar muito, afinal, a estrada exigia muita atenção.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Uruguaiana, RS - Passo Fundo, RS

Encontrei uma jóia nesse trajeto. A trilha das missões. Ao longo do século XVI e XVII as coroas espanhola e portuguesa disputavam o domínio das terras no Sul do Brasil. A estratégia era enviar colonizadores e catequizadores. Missionários espanhóis instalaram missões catequizadoras na região. Em algumas delas viviam 3 jesuítas e até 7 mil índios. Com a assinatura do tratado de Madri, Portugal ficou com as terras e expulsou os jesuítas espanhóis, resultado? Revolta dos guaranis e massacres sucessivos para restabelecer a ordem.
Bom, não é atoa que a região é conhecida como Trilha das Missões. Um lugar repleto de ruínas seiscentistas e setecentistas, mas fecha para almoço. Aliás, tudo fecha para almoço, inclusive os restaurantes.
Ainda no caminho descobri uma excelente churrascaria e me esbaldei. No mais, segui para Passo Fundo. No caminho até parecia que eu não tinha saído da Argentina. As placas eram em espanhol e a estrada era cheia de carros argentinos, inclusive no hotel em Passo Fundo, eu era o único brasuca hospedado.
A cidade de Passo Fundo não é lá essas coisas, mas o caminho valeu a pena. Agora, o caminho para Curitiba, a BR 153 foi ótimo. Amanhã eu conto.

Santa Fé, AR - Uruguaiana, BR.

Mais uma vez passei aperto por causa de combustível. Caro, de qualidade duvidosa e escasso. Cheguei a rodar a a 60km por hora para aumentar a autonomia, pois não havia combustível nos postos.
O caminho foi nostálgico. Cruzar o rio Paraná foi lindo e atravessar um túnel que não parecia ter fim foi incrível, mas eu não fiz registros, pois não havia acostamento ou coisa que o valha para eu parar.
Parte da RN 127 estava em péssimas condições e a viagem foi tensa. Mas no fim cheguei à Uruguaiana. Cidade bonitinha, viu sô! A praça central tem um café e um restaurante que vale demais a visita. O hotel que eu fiquei era excelente e muito barato. Deu vontade de ficar lá por mais tempo, mas vida que segue, fui para Passo Fundo e no caminho.... Eu conto daqui a pouquinho.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Córdoba, Ar - Santa Fé, Ar.

Quente, essa é a palavra para descrever o caminho e a cidade de Santa Fé. Para chegar até lá eu passei por uma série de pequenas cidades simpáticas, mas nenhuma delas me inspirou a ficar.
Cheguei em Santa Fé e a cidade estava deserta. Devido ao forte calor pouca gente se aventura a sair de casa. O comércio fecha às 12 e reabre as 16/17 horas, nenhum dos bares da cidade me incentivou a sentar e a comer, por isso comi no Mc Donalds.
A única coisa que gostei foi do preço e atendimento do comércio. No mais fiquei no hotel, tomando overdose de ar condicionado.