sábado, 7 de janeiro de 2012

Mendoza, Ar - Córdoba, Ar.

Quando parti do Aconcágua, pensei que nada mais me impressionaria tanto, mas a estrada guarda surpresas para os seus fiéis.
Escolhi a rota mais curta para ir até Córdoba, pouco mais de 500km e parei em quase todos os postos que vi, ainda bem que fiz isso, senão eu passaria aperto com combustível.
Parei em um posto destes que só aparecem em filmes de fantasma, a gasolina era bombeada manualmente. O frentista e dono do posto, um velhinho bem simpático, puxou conversa e quis saber pra onde eu ia. Quando eu disse que ia para Córdoba, ele prontamente exclamou: então você vai à Alta Montanha! Eu disse que não, pois aumentaria mais de 200km no trajeto. O velhinho abriu um sorriso vazio e fez uma pergunta dessas que não temos resposta: mas você não está passeando?
Bom, voltei para a estrada e depois de uma curva eis que surge um paredão rochoso imenso à minha frente. Era a Alta Montanha - Alta Cumbre -. Quando chegou a bifurcação em que eu tive que escolher a direção, não tive dúvidas, afinal, sim meu bom senhor, eu estou passeando. Segui o caminho mais longo e valeu muito a pena.
A cidade de Carlos Paz é muito simpática e aconchegante, fábricas domesticas de alfajor, pousadas e bares salpicavam o caminho e até agora eu não sei porque eu não fiquei por lá, mas a resposta sempre vem em seguida.
Ao subir a montanha eu fui parado pela polícia, pois eu fiz arte, ultrapassei em faixa contínua. Aguardei uma multa ou um pedido de suborno, mas nenhum e nem outro. O policial foi super gentil, me advertiu e me liberou.
Pois bem, vamos a Montanha. A diferença em relação ao Aconcágua é que lá a estrada circunda a montanha até o cume dela. É excepcional!! Em algumas das várias curvas a moto chega bem pertinho do precipício, dá um frio na barriga! E daí você vai subindo a montanha, me senti um alpinista sobre duas rodas. A subida é salpicada por mirantes e lugares que vendem alfajor e peles de ovelha lindíssimas.
A vista é maravilhosa e lá mó cume você é premiado por um chapadão incrível e tem até alguns pequenos lagos. Eu já falei que a vista é maravilhosa? Desculpe a redundância, mas eu me senti O Cara por estar lá.
Os estabelecimentos no caminho para o Aconcágua é repleto de adesivos de moto clubes e expedições, mas este caminho é diferente. Poucas motos e quase nenhum adesivo, deu pra entender a sensação? Não né? Pois é, só indo mesmo, e de moto.
Mas como eu disse eu não fiquei na montanha e fui para Córdoba. Quando dei entrada no hotel conheci mais dois estradeiros, o Júlio e o Barão. Os dois vão até Antofagasta, e para isso passarão pelo Atacama.
Mais uma vez fui convidado para ir, mas resisti bravamente a tentação. Acho que os deuses da estrada querem que vá até ao Atacama, quem sabe ano que vem?
Os caras são gente boníssimas e através do Barão eu conheci o Ricardo, ele também é estradeiro, mas não estava viajando. Ricardo é argentino e acabou sendo nosso anfitrião em Córdoba. Ele e a família nos levaram para jantar em um lugar legal e ainda foram nossos guias na noite de Córdoba.
Conversando com o Ricardo, descobri que eu me daria mal se tivesse tentado chegar à Santiago pelo Aconcágua, pois não há gasolina pelo caminho.
Na volta ao hotel ajudei ao Júlio e ao Barão a traçar a rota deles, confesso que me senti tentado a aceitar o convite.
Na manhã seguinte passeei por Córdoba e visitei uma igreja gótica lindíssima.
Enfim me dei por satisfeito e parti para Santa Fé.

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