quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mendoza, Ar - Aconcágua, Chile.

Bom, aquela satisfação de ter chegado a Mendoza e por isso não querer ir ao Chile passou após uma bela noite de sono e dois dorflex.
Levantei cedo e fui até os guias de turismo que partiam para alta montanha - Aconcágua -. Conversei com motoristas e guias sobre distâncias e postos de gasolina. Os guias disseram que o último posto de gasolina era em Uspallata, pouco mais de 100km de Mendoza e que o próximo posto seria 240km depois. Os motoristas juravam de pé junto que haviam postos antes dos famigerados 240km. E aí? O que fazer? Simples, fiz contas e finalmente entendi porque as big trail com seus tanques com autonomia para 500km são as preferidas dos andarilhos. Tudo bem, uma big trail não tem estilo, mas te leva a qualquer lugar. Faço um adendo aqui, o amigo Cláudio de forma bastante eufêmica e educadíssima me revelou o meu etnocentrismo sobre as big trail. A big trail é um estilo em si, era necessário que eu fizesse essa correção, e ainda tem a vantagem de te levar a qualquer lugar.
Decidi ir até onde desse, de forma que fosse possível voltar. Deixei minhas coisas em um hotel em Mendoza, troquei a cordura pelo jeans e parti.
O caminho é maravilhoso, o rio Mendoza corta as rochas e a água vermelha ganha tons de azul que eu nunca vi. Tudo é imponente, a estrada é deliciosamente insinuante e as motos tomam conta do cenário. A única custom era a minha. O clima de companheirismo é fantástico, todos se cumprimentam, conversam, se filmam e se fotografam. Qualquer parada é uma história diferente. Gente de todos os cantos e nacionalidades falam a mesma língua, a da estrada.
Foi nessa clima que reencontrei aqueles três que abasteceram comigo lá no Chui, quando eu estava indo para Punta.
Conversamos bastante e rodamos juntos. Lúcia, esposa de Cláudio, filmava e fotografava tudo da garupa do marido, Jair ia sozinho, mas tinha uma câmera no capacete registrando tudo.
Os três vão até o Atacama e me convidaram para ir com eles. Contei os problemas com gasolina e eles disseram que não seria problema, pois eles tinham galões de combustível em suas motos e me cederiam caso necessário. Mas eu não quis acompanhá-los, eu estava de fato satisfeito e além disso minhas coisas estavam no hotel em Mendoza.
No entanto, rodei com eles até o lado chileno do Aconcágua. A montanha é linda, maravilhosa e indescritível. Ventos fortes chegaram a para o meu corpo enquanto eu caminhava para fotografar. Os cumes ainda com neve, mesmo no verão, o gelo derretendo e formando pequenos corredores de água que se juntavam ao rio Mendoza e o ar rarefeito que exigia ainda mais das motos formavam uma paisagem idílica. A passagem para o Chile é feita por um túnel extenso e gelado, assim como demais túneis do caminho, escavado na rocha.
Quando passamos ao Chile confesso que tive vontade de acompanha-los e pelo menos descobrir se havia a gasolina. Mas, nos despedimos e voltei à Mendoza, mas antes parei em uma das varias estações de apoio e fiz amigos mochileiros que eram de São Paulo. Cheguei em Mendoza por volta das 22h e com uma sensação de satisfação incrível. No dia seguinte parti para Córdoba. Achei que não veria nada que me surpreendesse tanto quanto o Aconcágua, mas esta viagem ainda guarda muitas surpresas.

4 comentários:

  1. parece mesmo fantástico! E acredito que vc deveria ter ido ao Atacama... deve ser perfeito, e um pouco de companhia te faria bem!

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  2. Mas eu estou acompanhado. Tem tanta gente dentro de mim

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  3. Fiquei muito feliz ao ver que você atingiu seu objetivo. Parabéns, meu camarada!!!

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  4. Grande Leo, valeu pela força. Certamente teremos muito assunto no horário de almoço.

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